“Com a Palavra, o Especialista”, Doutor Alysson Zanatta!

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Na segunda parte da coluna “Com a Palavra, o Especialista” de julho, o doutor Alysson Zanatta continua tirando alguns mitos da endometriose. Como muitos deles estão enraizados há quase um século, sei que há grande dificuldade de entender determinados deles.

Já é sabido que a retirada dos ovários e do útero não cura a endometriose, tão pouco o tratamento medicamentoso. E é justamente essa a dúvida da leitora catarinense Sirlei.

Já a gaúcha Vera pergunta se a menopausa cura a endometriose. Já falamos muito sobre o assunto no A Endometriose e Eu, especialmente na coluna do doutor David Redwine, mas por conta da desinformação essa dúvida ainda persiste na cabeça de muitas endomulheres que estão chegando à menopausa. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

– Quando uma mulher com 40 anos ter tido endometriose profunda e feito a retirada do útero, das trompas, um ovário e metade do outro, ter retirado focos da vagina, do intestino numa laparotomia, e depois ter usado dienogeste por 6 meses, quais as chances de a doença voltar e em que grau? Sirlei Coelho – Araranguá, SC

Doutor Alysson Zanatta: Não há relação entre retirada do útero (histerectomia) ou dos ovários e recorrência da endometriose, pois não há provas que a endometriose seja causada pela menstruação. O uso de dienogeste (ou qualquer outra medicação hormonal) não influencia chances de recorrência da doença (exceto talvez os endometriomas ovarianos), pelo mesmo motivo descrito acima.

Se a endometriose for completamente removida aos 40 anos de idade, é pouco provável que haja recorrência. Ainda que haja, sempre em um grau menor, desde que tenha sido efetivamente removida.

– Tenho endometriose profunda, fiz cirurgia há cinco anos e retirei parte do intestino. Faço uso do dienogeste, tenho 48 e quero saber se com a chegada da menopausa se eu vou ficar curada da doença e se vou poder viver sem tomar medicamentos? Vera Mendes – Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

Doutor Alysson Zanatta: Olá Vera. A cura depende mais da efetividade da remoção cirúrgica do que do uso de medicações. Mas, no caso de doença ainda presente na mulher, sim, a menopausa pode trazer alívio dos sintomas, já que há grande diminuição do estímulo hormonal sobre os focos de endometriose. Só não é certo pensar que a menopausa “cura” a doença.

 

Sobre o doutor Alysson Zanatta:

Dr Alysson ZanattaGraduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).

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