Por doutor Tomyo Arazawa
Edição: Caroline Salazar
O mês de Julho é dedicado à conscientização do câncer ginecológico. Entre os tipos de câncer, os mais comuns são o câncer de colo do útero, câncer de endométrio e câncer de ovário. Mas é importante saber que também há o câncer de tuba uterinas, vagina e vulva, além de outros tipos menos frequentes.
Neste mês, a principal mensagem para todas as mulheres, sem exceção, é que muitos desses casos são detectados em fase inicial, ou mesmo na fase pré-cancer, quando o acompanhamento de rotina é seguido à risca.
Por isso nunca deixe de visitar seu médico ginecologista pelo menos 1 vez ao ano.
Câncer de endométrio:
Endométrio é a camada que reveste o útero internamente. Esse tipo de câncer é o mais frequentes nas mulheres entre todos os outros tipo, especialmente em países desenvolvidos.
O sintoma mais comum é sangramento vaginal após a menopausa, quando já não é esperado nenhum tipo de sangramento. Na avaliação ginecológica e ultrassonografia transvaginal, a suspeita aumenta quando há aumento atípico da espessura do endométrio, ou mesmo presença de células suspeitas no exame de papanicolau.
O diagnóstico geralmente é feito através da biópsia do endométrio, seja por histeroscopia ou curetagem uterina. E o tratamento geralmente é o cirúrgico, com retirada do útero, das tubas uterinas, dos ovários e dos linfonodos da pelve, tudo por via laparoscópica.
Mas há alguma coisa que possa ser feito para reduzir o risco de ter esse tipo de câncer?
Sim! Os principais fatores de risco para o câncer de endométrio são: a obesidade, o diabetes, a hipertensão e uso de terapia hormonal sem acompanhamento adequado.
Por isso, é muito importante manter a saúde em dia!
Câncer de colo do útero:
O câncer de colo do útero está associado à infecção pelo vírus HPV (Papiloma vírus humano) em praticamente todos os casos.
Antes de virar câncer, o HPV causa alterações progressivas, geralmente ao longo de meses ou anos, e que são detectadas pelo exame do Papanicolau.
Por isso é tão importante que esse exame seja realizado anualmente. O diagnóstico e tratamento precoce evitam a progressão da doença para o câncer.
Entre as medidas preventivas estão o uso do preservativo nas relações sexuais, já que o HPV é um vírus sexualmente transmissível, vacinação para o HPV, e manter a saúde e a imunidade em dia.
O tratamento para fases iniciais da doença é cirúrgico, e deve ser avaliado caso a caso, conforme o desejo de gravidez da paciente. Esse tratamento pode ser realizado por via laparoscópica, com retirada do útero, tubas uterinas, paramétrios (ligamentos do colo do útero) e linfonodos da pelve.
Para fases avançadas, o tratamento geralmente requer radioterapia, com ou sem quimioterapia.
Previna-se! Não deixe de fazer o exame Papanicolau anualmente!
Câncer de ovário:
O câncer de ovário é um tipo de câncer geralmente mais agressivo que os citados anteriormente. Isso porque o diagnóstico precoce costuma ser difícil, já que os sintomas são inespecíficos.
Um dos principais sintomas é o aumento do volume do abdômen, pelo acúmulo de líquido. Mas isso só acontece nas fases avançadas da doença.
A suspeita costuma ser levantada frente ao achado de cistos complexos nos ovários, de características suspeitas, associadas ou não a aumento de marcadores tumorais.
Como não é possível fazer biópsia dessas lesões, o diagnóstico de certeza geralmente acontece durante a cirurgia para retirada do cisto, que pode ser tentada por via laparoscópica em alguns casos.
Acredita-se que muitos casos de câncer de ovário são originados do câncer de tuba uterina, que rapidamente se implanta nos ovários.
Por isso existe uma recomendação para que todas as mulheres que fazem a retirada do útero por miomas, adenomiose, ou por qualquer doença benigna, retirem também as tubas uterinas.
Sarcoma do útero:
Esse é um tipo raro de câncer do útero, mas que ganhou mais relevância nos últimos anos. Isso porque um tipo de sarcoma, chamado de leiomiossarcoma, pode ser muito parecido com miomas uterinos, que são nódulos benignos do útero.
Miomas são extremamente frequentes nas mulheres (até 50% das mulheres terão pelo menos um mioma entre 40 e 50 anos de idade).
E porque é tão importante saber desse tipo de câncer?
Em uma cirurgia para retirada de miomas por via laparoscópica, ou mesmo na retirada de um útero grande, é necessária a fragmentação do útero e miomas para que seja retirado pelas pequenas incisões do abdômen.
Mas, se a paciente tiver o leiomiossarcoma, as células cancerígenas podem ser disseminadas pelo abdômen da paciente, piorando o prognóstico da doença.
Por isso atualmente todas as cirurgias laparoscópicas para retirada de miomas ou de útero em que seja necessária a fragmentação (morcelamento), recomenda-se que seja feita protegida por um saco cirúrgico específico para evitar essa possível disseminação.
O diagnóstico do sarcoma não é tão simples, e nem sempre os melhores exames darão à paciente e ao médico a certeza desse diagnóstico, que geralmente é feito somente na cirurgia.
E, novamente, voltamos à recomendação do início: faça o acompanhamento ginecológico.
Uma das suspeitas para esse tipo de câncer é o crescimento rápido de nódulos suspeitos de serem miomas ou o crescimento após a menopausa.
Em resumo, todos esses tipos de câncer podem ser detectados em uma fase precoce com o acompanhamento ginecológico regular, especialmente o câncer de colo do útero, com o exame de Papanicolau (exame de rastreamento).
Os outros tipos citados não têm um exame de rastreamento, como o Papanicolau para colo do útero e a Mamografia para mamas. Mas a suspeita pode ser feita mediante sintomas e achados de exames específicos.
Por isso procure manter sua saúde ginecológica em dia e consulte seu médico ginecologista regularmente!
Sobre o doutor Tomyo Arazawa
Médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), doutor Tomyo Arazawa fez sua Residência Médica e especialização em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da FMUSP. Foi o Preceptor de Ginecologia da FMUSP e se especializou em cirurgias minimamente invasivas (Endoscopia Ginecológica) também no Hospital das Clínicas da FMUSP, tais como cirurgias laparoscópicas, histeroscópicas e cirurgias robóticas.
Tem título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e em Endoscopia Ginecológica, ambas pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). É membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP), da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL) e da International Pelvic Pain Society (IPPS).