David Redwine: Por que a vaporização a laser é bastante evitada no tratamento cirúrgico da endometriose?

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Neste texto, o doutor David Redwine explica porque a vaporização a laser não erradica a endometriose e mais quando é feito este tipo de cirurgia é comum a biópsia não apontar a doença nos tecidos colhidos.

Sabe porquê? A vaporização a laser “queima” os tecidos danificando-os. Essa informação é muito valiosa, pois esse tipo de cirurgia a doença persiste na mulher e ainda não dá nada na biópsia.

Uma verdadeira tragédia, pois, com isso, muitas endomulheres continuam com a doença, mas sem ter o diagnóstico. Já imaginou quantas dessas no mundo não foram taxadas de “loucas” e que “estão inventando doença”?

É sempre muito bom aprender com quem é mestre naquilo que faz. Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado pessoas que me levaram a conhecer o doutor Redwine, a quem chamo de “a luz no fim do túnel que revolucionou o tratamento da endometriose”. No final, uma brilhante nota do doutor Alysson Zanatta Beijo carinhoso! Caroline Salazar 

Por David Redwine
Tradução: Caroline Cardoso
Edição: doutor Alysson Zanatta

 

Por que a vaporização a laser é bastante evitada no tratamento cirúrgico da endometriose?

 

Como não existe uma maneira objetiva de saber quão profunda é uma lesão endometrial simplesmente olhando para ela, a cirurgia a laser pode vaporizar a superfície da lesão e ainda deixar a doença ativa.

Isso é particularmente verdadeiro para os nódulos profundamente invasivos dos ligamentos uterossacros.

Além disso, o cirurgião reluta em vaporizar a doença localizada em intestino, bexiga, ureteres ou vasos principais por medo de danificar esses órgãos. Uma doença ativa pode permanecer na pelve e continuar causando dor.

Como a vaporização a laser destrói completamente o tecido com suspeita de endometriose, não há como confirmar, por meio de um relatório de patologia, se o tecido vaporizado é, de fato, endometriose, ou algum outro tipo de tecido anormal.

Isso pode levar a problemas no estudo científico da doença, uma vez que a “evidência” apresentada em uma revista médica torna-se questão de opinião e não questão de fato.

Não foram publicados estudos de longo prazo que forneçam dados sobre dor e doença recorrentes após a vaporização a laser. Os estudos publicados até o momento refletem o resultado da gravidez, o que pode ser um engano quando se está tratando a dor.

Um cirurgião tem apenas dois sentidos que podem ser usados na mesa de cirurgia: visão e toque. A vaporização a laser sacrifica inteiramente o toque e os resíduos de carbono e fumaça obscurecem a visão do médico.

A vaporização a laser pode deixar resíduos de carbono que podem ser confundidos posteriormente com doenças recorrentes. O laser é uma máquina cara, portanto eleva os custos de tratamentos de saúde.

Métodos cirúrgicos mais simples, como a excisão, provaram ser altamente eficazes na erradicação da doença e são consideravelmente menos dispendiosos. Amplamente utilizada na era da laparotomia, a excisão tem um longo histórico de eficácia na erradicação da doença.

O uso do laser em cirurgias de endometriose não é comprovadamente superior à cirurgia convencional com tesoura e dissecção sem corte, nem em qualquer outra cirurgia ginecológica.

Na verdade, um estudo observou que as tesouras cirúrgicas causam menos reação tecidual do que o laser de dióxido de carbono quando usado para o corte.

Comecei a remover a doença através do laparoscópio muito antes do laser ser difundido na América. Os resultados foram excelentes sem o uso da tecnologia a laser e houve poucas razões para mudar.

Outra consideração é esta: se um cirurgião mudasse sua técnica com frequência ou adicionasse terapia médica aos esforços cirúrgicos, isso diluiria e obscureceria os efeitos reais da terapia cirúrgica.

Meus esforços foram direcionados nas mesmas linhas de excisão acentuada, seja na laparotomia, seja na laparoscopia, desde 1980. Como não uso rotineiramente outros tratamentos para a endometriose, meus resultados dão uma ideia bastante clara do que a excisão pode fazer.

Nota do editor: O doutor David Redwine explica que, apesar do laser ter sido difundido como uma “revolução” no tratamento cirúrgico da endometriose, na verdade não o foi.

Costumamos nos impressionar com técnicas a laser em geral, mas no caso da endometriose, esse tipo de corrente apenas vaporiza (“queima”) as lesões, sem removê-las adequadamente.

Isso sem falar no seu alto custo. Felizmente, hoje pouco se fala sobre o laser em cirurgias de endometriose, tendo este assumido apenas um caráter histórico.

Fonte imagem: Pixabay

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