Adenomiose – sintomas, diagnóstico, tratamento e sua relação com a endometriose!

0

Mesmo com alguns textos no A Endometriose e Eu sobre adenomiose, ainda há muitas dúvidas em relação à doença. A maioria das pessoas confunde endometriose com adenomiose. Muitas endomulheres ainda são submetidas à retirada do útero, pois muitos especialistas acham que a doença vem dele.

Por isso, para ajudar as portadoras de endometriose, e também os médicos traduzimos um texto simples do doutor Andrew Cook sobre adenomiose. De forma leiga, o cirurgião e cientista americano explica o que é, os sintomas, como diagnosticar e tratar essa doença, e qual a relação dela com a endometriose. 

O que é Adenomiose?

Por doutor Andrew Cook
Tradução: Miriam Ávila
Edição: Caroline Salazar

A adenomiose é uma condição do útero em que o tecido endometrial semelhante ao do útero é encontrado dentro das paredes musculares do útero. A adenomiose pode ser focal ou difusa.

A adenomiose focal, também conhecida como adenomioma, ocorre quando um tecido tumoroso de endometriose se forma dentro das paredes musculares uterinas.

Mais comum, no entanto, áreas difusas de tecido endometriótico estão dispersas através do músculo uterino, afetando com mais frequência à parede posterior (atrás) do útero, que pode se tornar espessa como resultado.

Quais são os sintomas da adenomiose?

A adenomiose pode resultar em sangramento uterino anormal (fluxos menstruais tipicamente pesados e prolongados) e/ou cãibras uterinas graves – “cãibras assassinas”. Às vezes, a adenomiose pode não causar nenhum sintoma.

Pacientes que sofrem de adenomiose frequentemente relatam dor, cólica centralizada severa que piora durante o fluxo menstrual e pode irradiar até o umbigo e/ou descer até a parte inferior das costas e nas nádegas e coxas.

Uma razão pela qual a dor pode irradiar é porque o útero é inervado pelos nervos que correm ao longo dos ligamentos uterinos, que conduzem para cima em direção ao umbigo e para baixo, para a região lombar.

Algumas pacientes têm uma dor uterina tão severa que, com o passar do tempo, desenvolvem queimaduras de segundo grau em sua área abdominal devido ao uso prolongado de almofadas térmicas (bolsas de água quente), em um esforço de acalmar suas dores debilitantes.

A endometriose e a adenomiose estão relacionadas?

Pode ter uma forte associação entre essas duas condições. Um subgrupo de mulheres que sofrem de endometriose também terá, infelizmente, adenomiose em graus variados.

Muitas vezes, um desafio clínico na resolução da dor de uma paciente, é diferenciar com sucesso entre os sintomas de endometriose e adenomiose.

É por isso que é importante que seu médico avalie o útero e o tecido ao redor do útero separadamente, a fim de discernir a origem de sua dor.

O que pode ser feito?

Vários tratamentos para adenomiose estão disponíveis, ambos conservadores (preservação de órgãos) e radicais (remoção de órgãos).

Tratamentos conservadores incluem o manejo da dor com analgésicos não sujeitos a receita médica e prescrição e o uso de terapias hormonais para suprimir o ciclo menstrual e encurtar ou interromper temporariamente o fluxo menstrual.

Às vezes, um procedimento cirúrgico chamado neurectomia pré-sacral (PSN) será realizado para cortar os nervos que inervam o útero com o objetivo de aliviar as cólicas uterinas.

Este procedimento pode não ser especialmente eficaz em pacientes com adenomiose, no entanto, como a doença pode resultar em inflamação localizada que se estende para além do próprio útero, afetando tecidos extrauterinos circundantes.

A PSN não tem efeito sobre esses tecidos circundantes e, portanto, uma parte da dor da paciente pode persistir apesar do procedimento. A PSN também não tem efeito sobre o sangramento uterino anormal.

Naquelas pacientes que não têm planos futuros de fertilidade ou que tenham completado a gravidez, a histerectomia pode ser considerada. A histerectomia é o único tratamento definitivo (curativo) para adenomiose difusa.

Se uma paciente tiver um adenomioma (adenomiose focal), pode ser possível remover cirurgicamente o adenomioma, da mesma forma que se pode remover um fibroma, preservando o resto do útero. Isso dependerá do tamanho do adenomioma, da localização e da habilidade do cirurgião.

Como é diagnosticada a adenomiose?

O único método definitivo para diagnosticar a adenomiose é obter uma biópsia do tecido doente e, com um patologista, inspecionar ao microscópio a presença de tecido endometriótico.

Embora isso possa ser prontamente possível se um paciente tiver um adenomioma, no caso de adenomiose difusa, a obtenção de uma biópsia de tecido doente pode não ser viável até depois da histerectomia (seria semelhante a procurar uma agulha em um palheiro).

Biópsias do endométrio podem confirmar o diagnóstico de adenomiose em alguns casos, se a biópsia for suficientemente profunda, mas a não confirmação do diagnóstico por meio deste teste, não exclui a adenomiose e este não é um teste de rotina para adenomiose, mas pode ser realizado para excluir outras causas possíveis para o sangramento uterino anormal.

Na maioria dos casos, o diagnóstico é suspeitado com base nos sintomas da paciente e nos resultados de exames de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética).

Às vezes, o útero pode ser descoberto como tendo aumentado e ter uma consistência “pantanosa” durante a laparoscopia, levantando uma suspeita de possível adenomiose.

Se adenomiose difusa é sutil, no entanto, pode não ser aparente em exames de imagem e nem na cirurgia. A ausência de quaisquer sinais indicadores não deve excluir a adenomiose como uma possível fonte de dor uterina e os sintomas uterinos debilitantes da paciente ainda precisam ser abordados.

A adenomiose afeta mulheres de todas as idades?

A adenomiose é frequentemente considerada uma doença que afeta principalmente mulheres de meia-idade e idosas (a partir dos 30 anos), especialmente mulheres que já deram à luz.

Esta estimativa pode, no entanto, ser devido ao fato de que geralmente apenas mulheres que completaram suas famílias são submetidas à histerectomia para o tratamento de sua dor uterina.

Dado que a adenomiose quase sempre pode ser confirmada apenas por meio de biópsia após a histerectomia, isso inevitavelmente leva à impressão de que a doença afeta apenas as mulheres que já engravidaram.

Além disso, os sintomas da endometriose podem, muitas vezes, ofuscar os sintomas da adenomiose no início da doença, dando a impressão de que seu início é tardio.

Porém, na realidade tanto a endometriose como a adenomiose podem afetar mulheres de qualquer idade, incluindo adolescentes.

Fonte imagem: Deposit Photos/ Caroline Salazar
Fonte texto: Vital Health 

Comments are closed.