Por Caroline Salazar
Você sabe como surgiu o Março Amarelo no Brasil e no mundo?
O movimento surgiu nos Estados Unidos, na cidade de Milwaukee, no estado de Wisconsin, costa ocidental americana, e foi idealizado pela ativista americana Mary Lou Ballweg em 1993.
Portadora de endometriose, Mary Lou fundou em 1980 a primeira associação voltada à endometriose, The Endometriosis Association, da qual ainda é diretora-executiva.
Ela e mais 7 mulheres da associação fizeram a I Semana de Conscientização sobre a Endometriose em uma mesa redonda promovida pela associação. De 8 pessoas logo passaram para 22 e elas perceberam que uma semana seria muito pouco para divulgar a endometriose.
Foi aí que Mary Lou teve a ideia de estender o trabalho de conscientização para todo o mês de março. E, assim, surgiu o Yellow March nos Estados Unidos para o mundo.
Mas você sabe por que o mês de março e a cor amarela?
Segundo Mary Lou em uma entrevista a Endometriosis Foundation of America março foi escolhido por conta do clima mais ameno na maior parte do mundo:
“Optei por uma época em que a maior parte do mundo não estivesse nas profundezas do inverno ou do verão rigoroso e Março é um bom mês entre essas duas grandes questões climáticas”, enfatizou à publicação.
Segundo a ativista, a cor amarela surgiu em 1980 com a publicação do seu primeiro popular folheto amarelo: “Ele era amarelo e foi escrito em várias línguas e distribuído em várias partes do mundo. Por isso, a cor da endometriose ficou amarelo”, disse Mary Lou.
Ela também está por trás da onipresença da simbólica fita de conscientização amarela, que na época ainda não era popular como hoje, e deu um toque especial para sensibilizar ainda mais as pessoas:
“Uma fita simples não dizia nada, tinha que dizer algo sobre endometriose para ter significado”, explicou. “Então, colocamos a frase: ‘Pergunte-me sobre endometriose’ e sentimos que em elevadores, escritórios e na rua as pessoas perguntariam: ‘Oh, o que é isso?’. É uma ferramenta de sensibilização”, emendou a visionária americana.
Logo quando idealizei o A Endometriose e Eu, em abril de 2010, vi que os Estados Unidos e muitos países da Europa tinham o mês de março como Mês de Conscientização sobre a Endometriose. Cada país tem sua semana, mas todas sempre no mês de março.
No Brasil, comecei a falar sobre o Março Amarelo em 2011, leia o texto aqui, e timidamente, entre um texto ou outro, sempre citava o movimento e falava do meu desejo de fazê-lo no Brasil. Em 2012 comecei a fazer slides temáticos do Março Amarelo e divulgar nas redes sociais, como a capa para fanpage e perfil pessoal.
Nunca imaginei que em pouco tempo esse feito começaria a ser reproduzido por inúmeras pessoas no Brasil ganhando cada ano mais força. Até então, nunca ninguém tinha falado sobre o movimento.
Eu também não me conformava como ainda não tínhamos nenhum evento no mês de conscientização. Em 2013, fiz o primeiro evento no mês de março no país – I Brasil na Conscientização da Endometriose – no Vão Livre do MASP, na avenida Paulista, onde hoje é a concentração da EndoMarcha São Paulo.
Ainda nos anos 1980 ela também começou a combater alguns mitos, tais como o rótulo de “doença da mulher moderna” e a questão de tratarem a endometriose apenas como “doença reprodutiva”.
Quando fui pesquisar sobre Mary Lou fiquei chocada de como nossas mentes têm afinidades sem nem eu saber quem ela era. A primeira vez que escutei falar dela foi em abril de 2014 quando conheci o doutor Alysson Zanatta num congresso sobre endometriose na capital paulista, mas só fui pesquisar sobre ela em 2020 para escrever o primeiro texto sobre o Yellow March.
Uma em cada 10 mulheres tem endometriose. Esse dado é alarmante, principalmente para um país que tem sua população mais feminina que masculina, como o Brasil. São mais de 10 milhões de brasileiras e, além das mulheres, a doença também atinge homens trans e precisamos incluí-los na causa e na nossa luta.
Mais um Março Amarelo está começando, mas se lembre que a conscientização da endometriose deve ser diária e não apenas em março. A união faz a força e juntos somos mais fortes. Beijo carinhoso!