O que as bactérias do seu intestino têm a ver com a ‘endobarriga’?

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Você sabia que as bactérias dos nossos intestinos podem estar relacionadas ao inchaço abdominal e desconfortos gastrointestinais? Nos intestinos há as bactérias benéficas e nocivas e o desequilíbrio entre elas podem causar esses sintomas. 

Repassando mais uma tradução do blogspot publicado em 2015, a doutora Danielle Cook explica o que as bactérias dos intestinos têm a ver com o inchaço e desconfortos intestinais e por que as portadoras de endometriose são mais propensas a ter algumas doenças que aumentam ou fazem persistir esses sintomas da endometriose. 

Entre as doenças estão a disbiose, quando há um desequilíbrio da flora intestinal alterando a quantidade e distribuição das bactérias nos intestinos, e o Supercrescimento das Bactérias do Intestino Delgado (SBID), em inglês SIBO, quando as bactérias do intestino delgado estão em quantidade excessiva, muitas vezes superior às do intestino grosso.

No texto, ela também detalha alguns fatores que podem alterar negativamente o equilíbrio bacteriológico da nossa flora intestinal e levar a essas doenças e fala sobre os sintomas da disbiose e SBID, que são semelhantes, e como descobrir uma e outra doença. Além da semelhança dos sintomas entre as duas doenças, muitos são iguais aos da endometriose.  

Por isso, muitas portadoras, mesmo sem endometriose, se tiver disbiose ou SBID, podem continuar com os sintomas e achar que é da endometriose, mas não. E no caso das endomulheres com a doença, podem ter os sintomas aumentados devido a ambas as doenças. Olhe a importância da informação? Leia também “Barriga de endometriose: o inchaço abdominal que confunde com a gravidez”.

Por isso compartilhe mais um texto exclusivo do blog A Endometriose e Eu e mostre que a ‘endobarriga’ é um sintoma comum da endometriose para que seja levado a sério. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

O que as bactérias do seu intestino têm a ver com o inchaço abdominal e o desconforto gastrointestinal?

Por doutora Danielle Cook
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

Muita coisa!

Nós temos mais bactérias vivendo no intestino do que o corpo humano tem de células. Temos um equilíbrio entre bactérias benéficas e bactérias potencialmente patogênicas (aquelas danadas que podem causar doenças).

Esse é na verdade um dos ecossistemas mais complexos que existe na natureza. É importante manter um equilíbrio saudável entre as bactérias no intestino. Essas bactérias benéficas não estão lá apenas para curtir a viagem, mas ao invés disso, elas desempenham um papel crucial na nossa saúde.

Por exemplo, elas estão envolvidas no processo de digestão da comida que ingerimos, produzindo vitaminas como K2 e biotina, convertendo o hormônio da tireoide na sua forma ativa, desintoxicando, reduzindo inflamação, reduzindo formas patogênicas de bactérias e produção de energia.

Esses são apenas alguns dos papeis importantes que elas desempenham! Também temos fermentos e vírus lá. É importante manter o equilíbrio saudável desses micro-organismos em nosso intestino também.

A barriga de endometriose é mais um exemplo de um vasto leque de sintomas que as portadoras experimentam, e é um dos fatores que mais frequentemente são incompreendidos dessa doença. – Danielle Cook, RD, MS.

Os problemas gastrointestinais podem resultar de problemas bacteriológicos no intestino delgado e/ou grosso. A maioria das bactérias existe no intestino grosso. No intestino delgado também tem, mas em proporção muito menor.

A Disbiose é uma doença em que ocorre um desiquilíbrio entre as bactérias benéficas e as que podem causar doenças no intestino. Entre elas, há o crescimento anômalo de bactérias no intestino delgado, como a Supercrescimento Bacteriano do Intestino Delgado (SBID) – (nota do tradutor: SIBO em inglês) -, uma doença em que as bactérias do intestino grosso migram para o intestino delgado.

Com isso, a abundância de bactérias no local errado é exposta aos alimentos ainda não digeridos, que acabam por devorar, produzindo grandes quantidades de gases (inchaço, dor e indigestão).

Fatores que podem alterar negativamente o equilíbrio bacteriológico e conduzir a essas doenças, incluem:

  • Antibióticos (com certos tipos de antibióticos pode demorar até 2 anos para o reequilíbrio saudável microbiótico ser atingido no seu intestino);
  • Estresse crônico;
  • Anti-inflamatórios não-esteroides;
  • Obstipação;
  • Dieta semelhante à típica americana (rica em gorduras pouco saudáveis, carboidratos processados e açúcar, e pobre em fibras e vegetais);
  • Alergias alimentares e sensibilidades;
  • Um sistema imunológico deficiente;
  • Infecções intestinais (como excesso de fermentos) e parasitas;
  • Inflamação;
  • Funcionamento deficiente ou remoção da válvula ileocecal (válvula entre os intestinos delgado e grosso).

Existem vários sintomas comuns para a disbiose e SBID. Poderá ter vários desses sintomas entre a seguinte lista:

  • Inchaço, arroto, azia, flatulência após a refeição;
  • Sensação de estômago cheio após a refeição;
  • Indigestão, diarreia, obstipação;
  • Reação sistemática após refeição (como dor de cabeça e nas articulações);
  • Náusea ou diarreia após ingerir suplementos (especialmente multivitamínicos e vitamina B);
  • Unhas frágeis ou quebradiças;
  • Capilares dilatados na face e no nariz (para pessoas não-alcoólicas);
  • Deficiência nos níveis de ferro;
  • Infecções intestinais crônicas, parasitas, fermento, bactérias patogênicas;
  • Fezes gordurosas;
  • Pele sensível a lesões;
  • Fadiga;
  • Amenorréia (ausência de menstruação);
  • Vaginismo crônico (irritação vaginal);
  • Dor pélvica.

A disbiose não é rara nas mulheres com endometriose. A inflamação intestinal associada à endometriose pode alterar o equilíbrio da microflora.

Balley e Coe investigaram a microflora intestinal em macacos reso fêmea e descobriram um aumento da inflamação intestinal e decréscimo de lactobacilos aeróbica e bactérias gram negativas nos macacos com endometriose quando comparados com os que não apresentam a doença.

Um desiquilíbrio na microflora intestinal – disbiose – pode ter consequências negativas na saúde, incluindo digestão deficiente, má absorção dos nutrientes, acréscimo de inflamação e de infecções gastrointestinais.

A microflora intestinal age como uma barreira para os patogênicos ao impedir que grudem e produz substâncias antibacterianas.

Problemas com o crescimento anômalo de bactérias no intestino delgado podem resultar nos sintomas gastrointestinais frequentes entre as portadoras. Estudos recentes demonstraram a presença de SBID nas portadoras de endometriose.

Em um estudo, 40 em 50 portadoras com confirmação laparoscópica foram detectadas com SBID. Isso precisa ser considerado como um fator contributivo para quando a mulher tem inchaço abdominal severo.

O intestino desempenha um papel importante na eliminação do estrogênio. Desintoxicação fase II no fígado, (termo médico para o processo de eliminação de muitos hormônios, entre eles, o estrogênio), utiliza a conjugação de estrogênio com outros compostos para que eles possam ser excretados pela bílis.

Se a flora intestinal não estiver equilibrada, certas bactérias segregam uma enzima chamada Beta-glucuronidase, que separa a molécula glicuronídeo do estrogênio, permitindo que o estrogênio seja reabsorvido em vez de excretado nas fezes.

Lactobacilo, uma bactéria saudável, diminui a atividade da Beta-glucuronidase. Se a atividade da Beta-glucuronidase aumenta, mais estrogênio será reabsorvido e potencialmente agravar a endometriose.

Você tem algum desses sintomas? Se a resposta for sim, eles podem estar sendo causados por algo mais do que apenas a inflamação da endometriose.

Se tiver esses sintomas após uma cirurgia de excisão da endometriose de qualidade, a sua endometriose foi embora, mas os sintomas podem resultar de outras doenças como as mencionadas acima.

Alguns testes que podem ser realizados e incluem um teste de hálito para medição dos níveis de hidrogênio/metano, uma análise das fezes por um laboratório como Genova Diagnostics, teste de ácido orgânico e teste para sensibilidades alimentares.

Algumas dietas terapêuticas ajudam a controlar os sintomas, como a dieta de carboidratos específicos, a dieta FODMAP, a dieta microbiótica e a dieta Paleo Autoimune. Não existe um tratamento único para todos os casos de disbiose.

Algumas dietas que ajudam com a disbiose podem agravar a SBID. Um profissional qualificado pode ajudar a determinar quais os estudos e tratamentos que podem ser mais úteis. Alguns desses testes laboratoriais que podem ser relevantes podem ser realizados no nosso Laboratório de Testes Especializado no Vital Health Institute.

Fonte: Vital Healh 
Texto publicado no blogspot em 16 de outubro de 21015

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