Por Caroline Salazar
Edição: Nathalia Veras
Para quem acha que todo médico sai da faculdade sabendo medir uma simples pressão arterial, está enganado. Pelo menos não é isso que foi constatado na avaliação dos 3.174 alunos do último ano de medicina e recém-formados realizada em 2018, aumento de 30% de inscritos em relação a 2017.
Embora o resultado divulgado no dia 26 de setembro pelo Conselho Regional do Estado de São Paulo (CREMESP) tenha averiguado que, pelo segundo ano consecutivo, mais da metade dos participantes tenham acertado 60% da prova, a nota mínima para aprovação, é inquietante que 38,2% (1.213) dos participantes não foram aprovados.
Enquanto apenas 61,8% (1.961) alcançaram a nota mínima em 2018, em 2017 a aprovação foi de 64,6%.
O dado é preocupante, pois além da prova não ser obrigatória, esses novos médicos são o futuro da saúde do nosso Brasil. E é ainda mais alarmante por ser tratar de um estado onde já sabemos que há mais ‘recursos’ que outros mais distantes da região central do país.
Na avaliação dos médicos recém-formados, 86% erraram a abordagem para pacientes vítimas de acidente de trânsito; 69% não souberam responder sobre as diretrizes para medir pressão arterial; e 68% não acertaram a conduta para pacientes com infarto.
Os inscritos tiveram 5 horas para fazer a prova de 120 questões de múltipla escolha, que abrangeu as áreas: clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde pública, epidemiologia, saúde mental, bioética e ciências básicas.
“É uma ferramenta importante para que a faculdade possa se avaliar naquelas áreas onde possam estar ainda com algumas dificuldades, mas, principalmente, garantir à população uma formação mais adequada de um profissional, que estará cada vez melhor para prestar assistência à saúde da população”, disse o presidente do CREMESP, Lavínio Nilton Camarim, em entrevista ao SPTV 1ª edição.
Quando recebi essa sugestão de texto uma querida leitora, Caroline Cardoso, que colabora com o A Endometriose e Eu traduzindo os artigos do doutor Redwine, fiquei realmente chocada, pois se há dificuldade em medir uma pressão, imagine diagnosticar e tratar a endometriose da forma correta?!
É preciso uma fiscalização mais rigorosa nas faculdades. Na capital paulista a cada ano que passa abrem mais e mais faculdades de medicina. É preciso avaliar os currículos, e adequá-los de acordo com novas descobertas da ciência.
Por isso lutamos arduamente há pelo menos 8 anos (dos 9 anos do blog) por políticas públicas e tratamento gratuito pelo SUS, e desde meados de 2012, passamos uma nova conscientização da endometriose.
Nessa causa, temos o atrevimento de querer informar não apenas a população, mas os profissionais de saúde. Alguém aí duvida diante desses dados que a endometriose ainda precisa ser objeto de informação para esse público?
Infelizmente, ainda há muitos médicos que acreditam que a endometriose não é uma doença séria, que engravidando cura, que o diagnóstico só pode ser dado se confirmado pelos exames de imagem (esses exames são importantes, mas os focos nem sempre são visíveis) e, pior, que retirar o útero cura a doença.
O principal no diagnóstico e tratamento ainda é a relação médico-paciente. É preciso confiança, ética, respeito, mas acima de tudo conhecimento.
Como falam os parceiros do blog, uma doença só é tratada corretamente quando se sabe a causa dela. Quem acredita que a endometriose é uma doença crônica, sem cura e que volta todo mês com a menstruação, não vai saber retirá-la em sua totalidade e, provavelmente, nem dará a atenção que o tratamento exige.
Que a avaliação de 2019 tenha resultados melhores. A prova será em agosto. Afinal, a saúde da população está nas mãos dos médicos, que juram ao se formarem que irão cuidar da saúde de seus doentes. E que assim seja! Beijo carinhoso!
Fonte imagem: Deposit Photos/ Caroline Salazar