Austrália investe US $10 milhões em pesquisa e conscientização da endometriose!

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Por Caroline Salazar
Edição: Nathalia Veras

No último dia 9 de abril, o governo federal Australiano aprovou US $10 milhões de dólares a serem destinados à pesquisa para melhorar o tratamento e a compreensão da endometriose, e também para aumentar a conscientização sobre a doença, que causa dores incapacitantes para muitas mulheres.

Do valor total, US $9 milhões vai para o financiamento de pesquisas em busca do diagnóstico precoce no país por meio de testes não-invasivos, e para que haja melhor entendimento da doença, desde a causa a fatores que levam ao desenvolvimento e progressão da doença.

Além disso, o Instituto de Pesquisa Robinson, da Universidade de Adelaide – University of Adelaide’s Robinson Research -, receberá US $ 1,2 milhões para desenvolver uma plataforma de saúde digital para pesquisa e apoio à endometriose.

A plataforma abrigará um “balcão único” com o objetivo de  fornecer informações e recursos, uma ferramenta de tratamento que aperfeiçoará os tratamentos eficazes para a endometriose, com base no feedback dos pacientes e um veículo para promover e apoiar a pesquisa colaborativa.

A associação EndoActive, que representa pacientes, também receberá US $ 160 mil para divulgar seus premiados vídeos sobre endometriose, gratuitamente, para profissionais de saúde, entre eles, médicos e enfermeiros, bem como para mulheres afetadas pela doença.

Essas atividades complementam as áreas de ações prioritárias recomendadas no primeiro Plano Nacional de Ação para Endometriose da Austrália, lançado em julho de 2018.

Esse plano de ação visa aumentar investimentos para pesquisa, melhorar a compreensão e conscientização da doença e desenvolver técnicas mais eficazes para o diagnóstico e tratamento para mulheres que sofrem desse transtorno debilitante.

O governo australiano está mesmo empenhado em apoiar as mulheres com endometriose. Esse novo investimento soma-se ao recente apoio de US $ 4,7 milhões dado no ano passado.

A verba foi dividida nas seguintes ações:

– US $ 2,5 milhões serão fornecidos à associação Jean Hailes For Women’s Health para formação de uma rede de pesquisa clínica para endometriose;

– US $ 416 mil para o Colégio Real Australiano e Nova Zelândia de Obstetrícia e Ginecologia – The Royal Australian and New Zealand College of Obstetricians and Gynaecologists (RANZCOG) – para o desenvolvimento de diretrizes clínicas para endometriose;

– US $ 200 mil para a associação Jean Hailes For Women’s Health para uma campanha de conscientização de mídia social;

– US $ 140 mil para a Fundação de Dor Pélvica Australiana para aumentar a educação sobre endometriose, menstruação e dor pélvica nas escolas de 2º grau, em parceria com o governo da Austrália do Sul, um dos 6 estados do país;

– US $ 123.586 para o RANZCOG para o desenvolvimento de recursos de aprendizado online para médicos;

– US $ 39.360 para o Colégio Australiano de Enfermagem – Australian College of Nursing – para o desenvolvimento de um módulo de treinamento online para enfermeiros.

Em 9 anos de A Endometriose e Eu esta é a primeira vez que vejo um governo destinando verba para pesquisa de novos meios de diagnósticos não-invasivos, para que haja melhor entendimento da doença por parte dos profissionais de saúde e das próprias mulheres.

São essas ações que precisam acontecer no Brasil. Se existe na Austrália 700 mil meninas e mulheres com endometriose, e o governo está preocupado em salvar essas vidas, imagine o que esse governo faria se lá contabilizasse mais de 10 milhões como no Brasil?

A doença atinge cerca de 700 mil australianas, mas a Austrália sabe que seus efeitos ultrapassam essas pacientes. O grande número de portadoras, uma a cada 10 mulheres, afeta a economia, gastos com saúde, entre outros. Por isso quanto mais efetivo for o tratamento, menos sofrimento à mulher e menos gastos com sua saúde.

Somente em 2018 e 2019, o governo australiano contabiliza um investimento de cerca de US $15 milhões de dólares destinado à endometriose. E isso é só o começo.

O Governo Nacional Liberal avisou que continuará a fazer parcerias com organizações de endometriose para buscar melhor condição de saúde às australianas afetadas pela endometriose.

É urgente políticas públicas efetivas e o correto tratamento pelo SUS, bem como o reconhecimento da endometriose como doença social, o direito das portadoras terem os mesmos benefícios perante a lei, como qualquer outra doença crônica, para aquelas que sofrem com as dores, além de outros direitos que devem ser garantidos.  

Desde 2010, o A Endometriose e Eu luta para que o governo brasileiro passe a enxergar nós, portadoras. Segundo o artigo 196, da Constituição Federal Brasileira de 1988, “a saúde é direito de todos e dever do Estado”.

E a EndoMarcha Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose – chegou em 2014 para dar mais visibilidade às reivindicações que já pedimos desde o início do blog.

Por conta da EndoMarcha já conseguimos algumas leis municipais e estaduais de conscientização, mas a única que funciona é a de Roraima, como já falamos no blog. E ninguém precisa de lei para ficar no papel, não é mesmo?

Nos estados e cidades que já têm a lei de conscientização precisamos de ação, ou melhor, ações para conscientizar profissionais da saúde e a sociedade.

Sei que estamos ainda no começo da caminhada pelos direitos das mais de 10 milhões de brasileiras. Com união e amor chegaremos lá! Que a Austrália possa incentivar outros países a investirem em pesquisas sobre a doença. Beijo carinhoso!

Fonte texto: https://www.health.gov.au
Fonte imagem: Deposit Photos/ Caroline Salazar

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