Na primeira “Com a Palavra, o Especialista” de 2019, o doutor Hélio Sato explica sobre a estimulação ovariana. O assunto é uma dúvida muito comum entre as portadoras de endometriose.
Aproveitando o assunto, o doutor Hélio aborda muito além da estimulação e do congelamento de óvulos. Ele reproduziu textos de uma matéria que escreveu para a Revista Caras sobre a segurança reprodutiva, a possibilidade de evitar a amargura silenciosa do casal, a infertilidade e o aborto. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Atenção: Esta coluna existe para tirar sua dúvida e para que você vá mais informada na sua próxima consulta. Porém, ela não substitui sua consulta médica, e, em hipótese nenhuma, tratamos de casos específicos nesta seção.
– Até que ponto é sadio fazer a estimulação da ovulação para futuro congelamento de óvulos? Há algum prejuízo para uma portadora de endometriose? Daisy Araújo – Londrina, Paraná
Prezada Daisy, o estímulo ovariano para captação de óvulos não piora a endometriose, portanto, pode ser procedido sem prejuízos à paciente.
Não sei sua idade, sua situação conjugal e financeira, mas, proceder ao congelamento de óvulos é muito válido para a preservação da fertilidade.
Segue abaixo trechos de uma reportagem que eu escrevi à Revista Caras:
“Vamos pensar sobre a segurança reprodutiva do casal. É possível evitar a amargura silenciosa do casal, a infertilidade e o aborto?
Com os métodos anticoncepcionais modernos deu-se o início o livre-arbítrio reprodutivo, ou seja, o poder que cada indivíduo escolher seu momento para ter filho. Assim, muitas mulheres passaram a priorizar as conquistas profissionais e pessoais em detrimento da maternidade.
Em consequência, na atualidade, a decisão pela gravidez muitas vezes ocorre em fases biológicas na qual o potencial reprodutivo já está em declínio, assim, aumenta-se a taxa de infertilidade.
Pois, dentre as diversas causas de infertilidade, a baixa reserva ovariana é uma das mais limitantes, pois, sem óvulos não há como engravidar, bem como, a qualidade dos óvulos diminui com a idade, principalmente após 35 anos.
A mulher contrariamente ao homem, não produz novos óvulos após o nascimento, e somente vai consumindo sua reserva ao longo da sua vida. E, soma-se, ainda a perda da qualidade dos óvulos pelo envelhecimento.
As condições dos óvulos estão intimamente associadas com a integridade do material genético, e partes que arranjam as informações que organizam a formação do bebe são danificados pelo tempo. E, assim, pela falta da transmissão das informações corretas levam ao maior frequência de infertilidade, abortos e aumento do risco de doenças genéticas com avanço da idade.
Assim, observamos estatísticas, não animadoras, isto é, estima-se que 1 a cada 5 casais tem dificuldades em alcançar a gravidez e em torno de 1 a cada 7 gestações tem o aborto como desfecho da gravidez.
Portanto, tanto a infertilidade quanto abortos são ameaças reais.
Deste modo, há necessidade de introduzir o conceito de segurança reprodutiva e devemos dar atenção ao conceito do livre-arbítrio reprodutivo pleno, isto é, o poder de não conceber enquanto não desejar e o poder de ter o filho quando desejar.
Porém, infelizmente, não há uma solução absolutamente eficaz e que contemple todas as situações. Mas, um olhar mais atento sobre o objetivo reprodutivo já é um bom começo, principalmente para as mulheres, a partir dos 30 anos.
Assim, sempre é válido avaliar a reserva de óvulos a possibilidade de afecções como a endometriose, miomas, adenomiose, aderências pélvicas, malformações no útero, doenças genéticas e no homem recomenda-se avaliar o espermograma e o cariótipo.
E, ao encontrar algum problema, agir precocemente para maior segurança reprodutiva.”
Sobre o doutor Hélio Sato:
Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado em endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Temgraduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição.
Hélio Sato tem certificado em laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é sócio fundador da clínica de reprodução humana LABFORLIFE.