Mulheres com endometriose tem mais chances de se contaminar com o Covid-19?

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Em tempos de pandemia decorrente do novo Coronavírus (Covid-19), o pânico tem tomado conta da população, especialmente, entre as endomulheres, que enviaram pedidos para eu escrever sobre o tema.

Dos quase 10 anos de atividade do A Endometriose e Eu, que fará aniversário em abril, há 8, o blog desmistifica a endometriose do ponto de vista científico.

Afinal, como já disse em outros textos, o que seria da ciência se não fossem as evidências, demonstrações sejam elas diretas ou indiretas, que comprovam a veracidade de teorias e ou hipóteses?

Um dos mitos da endometriose é afirmar que a doença é autoimune. No auge do verão de 2018, quando tivemos um grande pico de pessoas com febre amarela, escrevi um texto para reiterar a importância da vacina.

Na época, o texto “Quem tem endometriose pode tomar vacina contra febre amarela?”, com edição e nota do doutor Alysson Zanatta, causou reboliço nos grupos por acharem que portadoras de endometriose não podiam tomar a vacina.

Por isso, o primeiro texto do Março Amarelo de 2020 foi uma tradução do doutor David Redwine explicando tim tim por tim tim por que a endometriose NÃO é uma doença autoimune.

Leia também meu texto sobre o tema: “Endometriose é uma doença autoimune?”.

Mesmo eu achando a linguagem do cientista de fácil entendimento, especialmente, a nota do editor, como li muitos comentários de leitoras que não entenderam muito o texto, aproveitei os ensinamentos do doutor Redwine e escrevi um sobre o mesmo tema.

Não sendo a endometriose uma doença autoimune, ou seja, em geral as pacientes não possuem a imunidade mais fraca, as endomulheres diagnosticadas apenas endometriose não são consideradas grupo de risco.

No entanto, é preciso atenção àquelas que utilizam rotineiramente anti-inflamatórios, em especial que contenham ibuprofeno.

Apesar de não ter comprovação científica de que a substância agrava o quadro do paciente do Covid-19, o Ministério da Saúde pediu que fosse evitado seu uso para o tratamento da doença após pesquisas terem indicado que o ibuprofeno favorece maior multiplicação do novo coronavírus.

Vale ressaltar que outros médicos disseram que essas pesquisas não apresentaram, segundo a OMS, indícios científicos suficientes.

Por cautela, para aquelas que têm dor, se for possível, não é indicado neste momento utilizar qualquer medicamento com essa substância em sua fórmula. No entanto, apenas interrompa o tratamento ou substitua o medicamento após falar com seu médico especialista.

Tomando esse cuidado, fique calma que, por ter endometriose, você não é mais propensa do que o restante da população em geral.

Agora, se a mulher tiver alguma doença autoimune como lúpus, diabetes, doença celíaca, esclerose múltipla, síndrome de Sjogrën, artrite reumatoide, dentre outras, estão no grupo chamado de risco.

A mesma coisa para as mulheres que tem algum problema respiratório, como asma, pneumonia ou alguma doença pulmonar, por exemplo, uma vez que o novo coronavírus ataca as vias respiratórias.

Mulheres que têm endometriose pulmonar ou diafragmática não têm necessariamente maiores riscos de complicações. Mesmo quando há lesões no parênquima pulmonar, estas não costumam afetar a oxigenação (troca gasosa) que ocorre nos alvéolos. Já a pneumonia causada pelo novo coronavírus afeta diretamente as trocas gasosas.

Os idosos são os mais propensos a terem maiores complicações do Covid-19, mas apesar da 3ª idade ser mais predisposta, preciso lembrar que no mundo todo pessoas de diversas idades morreram e 2 recém-nascidos foram diagnosticados com o vírus.

Entretanto, não há certeza se a transmissão ocorreu ainda dentro do útero (transmissão vertical) ou se foi no momento ou logo após o parto.

Como os vírus são invisíveis a olho nu e, por isso, nós não sabemos onde essa doença está e quem está infectado, pois alguns sintomas podem levar até 14 dias para aparecer ou até mesmo a pessoa ser assintomática, o distanciamento social é muito importante nesta fase para evitar a disseminação desse vírus.

Apesar de nós não termos maior propensão ao vírus, todas nós convivemos ou conhecemos alguém que tem, como idosos ou pessoas com as doenças citadas acima.

Você não quer ser o vetor para essas pessoas não é mesmo?

Aqui no A Endometriose e Eu sempre dizemos que somos uma 1 em 10 e, por isso, se você não tem, conhece alguém que tem endometriose. Com esse argumento, pedimos compreensão da sociedade.

Chegou a hora de darmos o exemplo e também sermos compreensivas. Vamos seguir o isolamento social, se não por nós, pelas pessoas que estão no grupo de risco.

Só saia se realmente precisar e, assim que chegar em casa, lave as mãos com água e sabão e limpe a maçaneta com álcool ou desinfetante. Não esqueça de tirar os sapatos que usou na rua e, se possível, troque de roupa.

Estresse, insônia e má alimentação também são fatores que podem causar queda do sistema imunológico. Por isso nada de pânico, de tensão, de perder suas noites de sono. O momento é de reclusão para conter a propagação e evitar o que está acontecendo com a Itália, que já contabilizou mais de 2 mil óbitos.

Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas são: febre, tosse e dificuldade para respirar. Também pode causar infecção do trato respiratório inferior, como por exemplo, pneumonia.

O objetivo desse texto é para desmistificar a endometriose em relação ao novo coronavírus e também para alertar sobre a importância de a gente se prevenir, pois os sintomas até podem ser semelhantes ao de uma gripe, mas o Covid-19 é muito mais que isso. Beijo carinhoso!

Fonte: Ministério da Saúde
Imagem: Deposit Photos/ Caroline Salazar

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