A história da leitora Layane Cedraz, sua endometriose profunda e seus seis filhos!

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A “História das Leitoras” foi a primeira coluna do A Endometriose e Eu e, é uma daquelas que mais amo, pois além de ajudar a desmistificar a doença, as histórias contadas aqui, levam muita fé e esperança a muitas endomulheres, seja aquelas que estão em busca da tão sonhada gestação ou as que querem se livrar das fortes dores da endometriose profunda.

O testemunho deste mês é de se emocionar e ajudará muitas tentantes a nunca perderem a fé e sempre acreditar que sim, após a tempestade vem a bonança.

Contamos a história da baiana Layane Cedraz, de Feira de Santana, a “Mamãe 6 Estrelas”.

Confesso que fiquei feliz ao ver que ela seguia o blog no instagram @aendoeeu e mais feliz ainda quando recebi seu e-mail com parte de seu depoimento.

Logo a convidei para contar toda sua história com a endometriose e suas três gestações que deram vida seus seis filhos. Isso mesmo, seis!

E para quem acredita em milagres, a história de Lay, como é conhecida, é cheia deles, especialmente, sua última gravidez, a primeira natural. Num texto emocionante, Lay mostra como sua fé a sustentou durante os três anos que tentara engravidar e sem sucesso.

Enquanto muitos achavam que sua ansiedade em ser mãe (seu sonho desde criança) era o que dificultava sua gravidez, sua intuição dizia outra coisa.

E, mais uma vez, ela estava certa. Esse testemunho é mais um que comprova: nunca deixe de acreditar em sua intuição, mesmo com um bando de gente falando abobrinha na sua casa. E mantenha a fé sempre acesa. 

A fé é um instrumento importante que nos dá o equilíbrio nos momentos turbulentos. E acreditar sempre! Mais uma história que vai levar esperança a muitas endomulheres que estão desacreditadas. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

endometriose profunda

“Meu nome é Layane Cedraz, tenho 35 anos, sou psicóloga, casada com o Yure Maia, médico, 40 anos, e mãe de Rafic, 8 anos, dos quadrigêmeos Yure, Enzo, Ianic e Luigi, de 4 anos, e Melissa, 2 anos.

Eu sempre sonhei ser mãe. Sempre! Mas meu esposo – na época ainda éramos noivos – dizia que se dependesse dele só teríamos filhos depois de quatro anos de casados. Aquilo para mim era torturante, pois se dependesse de mim eu já voltaria grávida da lua de mel (risos).

Meus ciclos menstruais sempre foram intensos, média de oito a 10 dias, e sentia muuuuuuuita cólica. Mestruei pela primeira vez aos 12 anos. 

Nem sempre minha menstruação era previsível. Muitas vezes meu ciclo era de 40 a 60 dias. Quando estávamos com oito meses de casados, em fevereiro de 2006, após uma viagem com alguns amigos, onde um deles tinha um filho pequeno, Yure começou a me pedir para suspender o anticoncepcional.

Eu tinha 23 anos e ele 28.

Imagina a minha alegria? Mas ao mesmo tempo eu tinha medo de ele ter tomado esta decisão apenas pela empolgação daqueles dias da viagem. Por mais que eu desejasse ser mãe, eu tinha no meu coração que a minha história com filhos seria traçada quando a decisão fosse dos dois.

Voltamos de viagem e ele persistiu na decisão. Agendei uma consulta com minha ginecologista, pois como eu desejava engravidar “para ontem” pensei que isso facilitaria a minha vida. Foi então que ela me pediu para ter paciência, que eu era muito nova e que aguardássemos no mínimo seis meses para tentar engravidar naturalmente. O problema é que esse tempo parecia uma eternidade para mim.

Suspendi a pílula e, com três meses de tentativas sem sucesso, marquei uma nova consulta. Pedi algo que facilitasse a realização do meu desejo. Na época eu já tinha o diagnóstico de SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos). Minha ginecologista me indicou o uso do indutor Indux  para estimular minha ovulação. Fiz uso por mais de oito meses. Nada de conseguir engravidar.

Então, ela optou por trocar a medicação para outro indutor, o Clomid, e associado ao Glifage (essa substância usada para tratamento de diabetes, mas na época já se falava sem muitas comprovações científicas, que em casos de mulheres que sofrem de SOP regularizava a ovulação, facilitando assim uma possível gestação ), pois na época existiam indicadores de que ajudava na ovulação.

Usei essa medicação por mais de seis meses e nada! Já angustiada por não conseguir engravidar e vivendo aquelas cobranças sociais de “quando vem o bebê?”, comecei a buscar informações na internet.

Marquei uma nova consulta para tentar descobrir porque ainda não tinha engravidado, mesmo com as medicações que estimulavam a ovulação e fazendo as ultrassonografias seriadas.

Voltei à ginecologista e estava decidida a fazer uma videolaparoscopia para tentar descobrir o que havia de errado. Eu nem sabia ao certo como era esse procedimento, mas havia lido que era um dos exames de protocolo para investigação da infertilidade.

Lembro-me como se fosse hoje a expressão assustada da profissional quando cheia de argumentos cheguei solicitando o “exame”.

E disse que só sairia de lá com ele agendado. Já não aguentava mais todas as pessoas e, inclusive ela, me dizerem que eu não havia engravido até aquele momento por conta da minha ansiedade.

Mas, no fundo do meu coração, eu sentia que tinha algo de errado que ainda não havia sido descoberto. E que não era a minha ansiedade em ser mãe.

Ela ainda tentou argumentar comigo, perguntou se eu havia conversado com meu esposo, que é médico, e eu disse que não.

Que aquela era uma decisão minha e que eu queria fazer e pronto. Realmente eu estava irredutível. Era uma quinta-feira, e consegui sair de lá com o procedimento agendado para a próxima segunda- feira, dia 19 de março de 2007. Quando cheguei em casa, encontrei meu esposo e partilhei com ele a minha decisão.

Ele, no mínimo, me achou “louca” (risos), mas eu estava decidida! E pedi que não contasse para ninguém, até mesmo para nossa família. Eu precisava tirar aquele peso da responsabilidade do “não engravidar por conta da minha ansiedade”.

No domingo, que antecedeu ao procedimento, dia 18 de março, Yure me pediu para pelo menos avisar à minha família.

Ele falava que eu não tinha motivo para não informá-los. Então, na véspera, comuniquei aos meus pais. Lembro que minha mãe ficou suuuuuper chateada por eu não ter avisado antes. Na época morávamos em Sergipe e meus pais na Bahia. Confesso que aquele dia foi mesmo libertador para mim.

Lembro exatamente no pós-procedimento, ainda sob efeito da anestesia, quando meu esposo segurou a minha mão e me disse: “Você tinha razão! Você tem endometriose. Foi necessário cauterizar muitos pontos nos dois ovários, útero…”.

Minha vontade naquele momento era de saltar e gritar de alegria. Naquele momento eu estava livre da “culpa”. Sim, tinha algo que me impossibilitava de engravidar. Tudo o que eu mais queria era o diagnóstico!

Demorou quase um ano para descobrir o que eu tinha – iniciei oficialmente as tentativas em abril de 2006 e, em marco de 2007, recebi o diagnostico de endometriose. Sabia também que, a partir dali, começava uma nova maratona, mas com um direcionamento mais específico. 

Três meses depois, a mesma médica solicitou que eu fizesse a histerossalpingografia para examinar minhas trompas, pois naquele momento eu ainda não tinha certeza se elas estava obstruídas, pois o laudo da cirurgia ficou incoerente com as imagens.

E só quando parti para um novo profissional que foi solicitado uma nova videolaporoscopia. Nesta cirurgia foi identificada pouca mobilidade nas trompas.

Fiz uso de umas injeções – que não me recordo o nome – onde a conduta era para o coito programado. Essa conduta foi adotada por uns três meses.

Mas nada de gravidez. A médica que me acompanhava também trabalhava com infertilidade, porém ela precisou se ausentar por complicações em sua gestação. Então decidi procurar a profissional indicada por ela.

Fizemos uma inseminação artificial no dia 24 de outubro de 2007, mas não obtivemos sucesso. Depois achei que havia sido mal conduzida e resolvi recorrer à outra profissional.

Era janeiro de 2008. A nova médica solicitou outra videolaparoscopia, minha terceira, para verificar se ainda tinha endometriose.

Operei no dia 25 do mesmo mês e o laudo deu endometriose peritoneal e ovariana. Segundo ela, com tantas condutas direcionadas, eu já deveria ter engravidado.

Ela ainda me disse que a inseminação artificial nunca seria indicada para o meu caso, já que o recomendado seria apenas quando o impedimento da gravidez é do homem.

Agendamos nova cirurgia e foram encontrados novos pontos de endometriose, que foram cauterizados. A indicação era de FIV, mas por dificuldades de acesso à profissional, e algumas outras coisas que não me agradaram, decidi, mais uma vez, mudar de médica.

Muitas vezes meu esposo dizia que eu estava sendo muito exigente.

Ele falava que desse jeito eu nunca encontraria o profissional ideal. Foi quando me lembrei de uma indicação de uma farmacêutica, que conheci quando Yure precisou fazer um espermograma com capacitação.

No dia ela me perguntou quem estava nos acompanhando e disse: “Se algum dia vocês pensarem em sair da Bahia, recomendo o doutor Paulo Serafini, da clínica Huntington, em São Paulo”. No dia anotei o nome e, após essa última experiência ruim, decidi que iria atrás deste médico.

Eu já estava naquela fase de tentante que sofre ao ver uma grávida, sabe? Que se questionava “por que comigo?

Que parecia só escutar notícias de maus tratos em crianças e mães que abandonavam seus filhos. Eu chorei muitas vezes, mas nunca deixei de acreditar! Por isso começamos a nos estruturar para marcar nossa primeira consulta em São Paulo.

Primeiro entrei em contato com a clínica por e-mail contando minha história e perguntando como seria fazer esse acompanhamento a distancia, pois na época eu morava em Sergipe.

Isso foi em 12 de fevereiro de 2008, em 30 de março viajamos e passamos dois dias na capital paulista para conhecer a clínica. Voltei encantada e certa de que este era o caminho. Senti verdadeira empatia pela clínica e pelo profissional.

Nesta consulta o médico me informou que minha histerossalpingografia deveria ser repetida. As imagens não condiziam com o laudo. Fiquei desesperada. Mas naquele mesmo dia, mesmo sendo um domingo, ele conseguiu um profissional para fazer exame. E lá estava um novo diagnóstico: trompas obstruídas! Realmente a única indicação seria a fertilização in vitro.

Naquele momento meu esposo havia acabado de assumir a direção do pronto socorro do hospital geral do Estado que morávamos, e somente no final de maio viajamos para iniciar o tratamento.

Porém meus hormônios não responderam tanto quanto deveria e, no dia seguinte, retornamos para casa. Comecei o uso de mais medicações e, somente em 09 de junho, retornamos a São Paulo para fazermos a FIV.

Mas na minha primeira tentativa, após três anos intensos de lutas, investigações e busca pela maternidade, implantei dois embriões e engravidei de Rafic, nosso filho mais velho hoje com 8 anos. Minha gestação foi maravilhosa.

Não tive nenhum contra tempo nem desconfortos. A única coisa que senti foi muito sono no inicio da gestação. Rafic nasceu em fevereiro de 2009, quase três anos após o início das tentativas.

Congelamos 12 embriões e, um dia após Rafic completar seu primeiro ano de vida, voltamos à clínica em São Paulo para uma nova implantação.

Porém, dessa vez, não engravidei. Retornamos por volta de 45 dias depois para mais uma implantação. Engravidei, porém com nove semanas, no dia do meu aniversário 10 de maio de 2010, descobri no ultrassom que o bebê estava sem batimentos cardíacos.

Meu mundo desabou. Aquele não era um presente que eu gostaria de receber e muito menos no dia do meu aniversário.

Após essas duas implantações, já não tínhamos mais embriões congelados, e teríamos de iniciar todo o tratamento novamente.

Não sei explicar esse meu desejo em abundância de ser mãe. Era tanto amor dentro do meu coração que seria egoísmo meu dar apenas para um único filho. Você me entende? Nessa fase Rafic já nos cobrava irmãos.

Assim mesmo, no plural! Começamos a nos estruturar para mais uma fertilização in vitro. Um ano depois, em 2011, fiz a terceira tentativa e, infelizmente, não consegui engravidar. Cerca de nove meses depois fizemos outra FIV.

Tive hiperestímulo ovariano, foi coletado os óvulos, mas não foi possível implantá-los. Precisei fazer uma nova videolaparoscopia (a terceira!), esta de urgência e, após três meses que meus ovários haviam retomado às medidas depois das medicações.

 

Em novembro de 2012 implantei dois embriões. Meu sonho era ser mãe de gêmeos. Mas fui agraciada com quadrigêmeos!

Nós morávamos em Aracajú, mas por conta da gravidez, voltamos para a Bahia.  Nosso quarteto Yure, Enzo, Ianic e Luigi estão hoje com quatro anos. E sabe o mais incrível de tudo isso? Eles escolheram nascer no dia do meu aniversário!! 

Pois é aquele mesmo dia, que tinha sido muito triste dois anos antes após o aborto, passou a ser um dos mais felizes da minha vida.

Mesmo sendo mãe de cinco confesso que no meu coração ainda existia espaço para amar mais 

alguém.Eu e meu esposo sonhávamos ter uma menina e nosso filho mais velho desejava muito uma irmã. 

Quando eu já não pensava e muito menos acreditava na possibilidade de engravidar novamente, fui surpreendida em 2014 com uma gestação natural , onde veio nossa menina Melissa, de dois anos.

Na época fiquei em choque. Os quadrigêmeos tinham quase dois anos e eu estava vivendo a euforia da entrada deles no universo escolar.

Sem falar que já vivíamos muitas privações e renúncias, pois ter muitos filhos nos dias de hoje não é nada fácil. Mas devo admitir que sou uma pessoa muito feliz e realizada com a maternidade que a vida me reservou como mãe de seis.

Passaria por tudo o que passei e muito mais para viver a alegria que os meus filhos me proporcionam.

Em 2015 comecei a compartilhar minha rotina com meus seis filhos no instagram com o Mamãe 6 Estrelas além de outras redes que complementam o projeto e meu site.

Hoje entendo que tenho um legado: ajudar as tentantes a nunca desistirem e que o medo jamais seja maior que sua vontade de ter um filho.

A partir daí surgiu o projeto “Constelação de Amor” e, neste mês, vou lançar o e-book “Enquanto a Cegonha não Vem” com orientações e informações sobre o que todo “casal tentante” há mais de um ano precisa saber até recorrer a um serviço especializado. E em novembro lançarei o programa online “Somos Tentantes”.

Espero que minha história inspire muitas outras endomulheres que, assim como eu, não desistem fácil de seus sonhos. Beijo carinhoso! Layane”

1 comentário

  1. Mayara das Graças Em

    História emocionante e com muitas coisas em comum com a minha: troca de profissionais, sonho em ter gêmeos e a fé em Deus!
    Ainda não tenho filhos, mas o sonho, a esperança e a vontade em tê-los é enorme e sei/sinto que logo será realizado!