Na primeira parte da coluna “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Alysson Zanatta segue tirando os mitos da endometriose. Na primeira questão, ele fala sobre a relação da retirada do útero e dos ovários versus medicamentos hormonais versus a reincidência da doença.
Ainda há muitos mitos e desinformação quando o tema é endometriose. E é justamente a falta de informação e ou a informação errada que não deixam o cérebro pensar, pois a maioria age por control C e control V como se fosse um computador.
E isso é um grande perigo, já que muitas endomulheres são mutiladas diariamente, acabam perdendo seus órgãos reprodutores à toa e a maioria delas (para não falar todas) continua com dores e focos de endometriose dentro do seu corpo.
A outra dúvida é sobre o CA 125. Já cansamos de falar no blog com o doutor Redwine e o doutor Alysson que esse marcador tumoral (sim, ele serve para marcar certos tipos de cânceres por isso tem a sigla CA) não mede endometriose.
Então, por que a maioria dos médicos pede esse exame? Bom, a resposta é a mesma: falta de informação e falta de estudo embasado na ciência. Mas isso explica porque muitas portadoras têm endometriose, inclusive, a profunda, e o CA está normal.
Ainda bem que temos esta coluna, onde não só as leitoras, mas onde muitos médicos podem aprender algo novo e ir em busca de mais informações. Afinal, buscar informação correta embasada na ciência é o que faz a medicina ser uma ciência, não é mesmo?
A nossa união é o que fará a diferença. Compartilhe mais um texto exclusivo A Endometriose e Eu e ajude-nos a levar ao máximo de pessoas uma nova conscientização da endometriose. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
– Quando uma mulher com 40 anos ter tido endometriose profunda e feito a retirada do útero, das trompas, um ovário e metade do outro, ter retirado focos da vagina, do intestino numa laparotomia, e depois ter usado dienogeste por 6 meses, quais as chances de a doença voltar e em que grau? Sirlei Coelho – Araranguá, SC
Doutor Alysson Zanatta: Não há relação entre retirada do útero (histerectomia) ou dos ovários e recorrência da endometriose, pois não há provas que a endometriose seja causada pela menstruação.
O uso de dienogeste (ou qualquer outra medicação hormonal) não influencia nas chances de recorrência da doença (exceto talvez os endometriomas ovarianos), pelo mesmo motivo descrito acima.
Se a endometriose for completamente removida aos 40 anos de idade, é pouco provável que haja recorrência. Ainda que haja, sempre em um grau menor, desde que tenha sido efetivamente removida.
– No exame de ressonância magnética deu endometriose (endometriomas no ovário direito), mas no de sangue (CA 125) não deu alterado. Com isso, a médica que avaliou os exames disse que eu não tinha nada. Sinto dores há 22 anos e não sei mais o que fazer. Christiane Gonçalves – Rio de Janeiro, RJ
Doutor Alysson Zanatta: Quando há suspeita de endometrioma ovariano, há necessidade de pesquisa de endometriose profunda, tanto pelo toque vaginal profundo quanto por exame de imagem feito por especialista. Na verdade, é quase impossível haver endometrioma ovariano sem ao menos uma lesão de endometriose profunda. A endometriose pode enganar, não ser facilmente visível, e levar à conclusão errônea de que não exista
O CA-125 é altamente inespecífico, e tem pouca utilidade no diagnóstico (ou exclusão) da doença.
Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus interesses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).