EndoMarcha 2017: Por que precisamos lutar por políticas públicas para as endomulheres?

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A saúde é um direito básico que qualquer cidadão brasileiro deveria ter acesso. Está na Constituição Brasileira, mas infelizmente quem a tem é somente quem pode pagar por ela. E paga-se um valor muito alto.

Isso falando em saúde no modo geral. Pois quando falamos em endometriose, nossa que vergonha! Até pagando é difícil ter diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Se a política fosse algo sério no Brasil, se os políticos visassem o bem-estar da população, nós não precisaríamos reivindicar nosso direito à tratamento de saúde, que deveria ser assegurado por lei. 

Como já abordamos na coluna “EndoSocial” (leia o texto do sociólogo e endomarido Paulo) a luta pela política pública se faz necessária quando algum interesse de âmbito público, em especial, o social, não é atendido pelo poder público.

As estatísticas apontam para mais de 6 milhões ou cerca de 10 milhões de portadoras brasileiras. Seis ou 10 milhões são números altos quando falamos numa doença que afeta apenas mulheres (os casos de homens são raríssimos).

Os poucos centros especializados que o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe atualmente, além de estarem localizados em duas ou três capitais do país, não conseguem atender a alta demanda de portadoras.

É como se realmente não existisse tratamento público para as endomulheres brasileiras. Três, quatro, cinco até oito anos se espera por uma cirurgia. Um horror, um absurdo. 

Agora para quem sofre com as dores severas da doença como poderá esperar tanto tempo por uma cirurgia? Quando eu me tratava no ambulatório de endometriose do SUS ligado à uma universidade federal, de 2010 a 2012, o aparelho de ressonância magnética passava mais tempo quebrado que em funcionamento.

Eu fiquei em tratamento lá por quase três anos e durante todo esse tempo vi a via-sacra de mulheres tentando arrumar dinheiro para fazer esse exame particular para não perder a consulta, já que o aparelho ficava mais tempo quebrado que em funcionamento.

Não é um absurdo isso? Com a crise que se instalou no país nos últimos anos, a coisa piorou. Meses atrás soube por uma leitora, que se trata lá, que no momento não estão aceitando novas pacientes.

Ou seja, só pode passar lá quem já esteve em tratamento no ambulatório. E as consultas só podem ser marcadas pessoalmente. E quem é de outra cidade ou outro estado como faz para marcar uma simples consulta? Não faz! Não é uma absurdo? 

Mesmo com todo esse cenário o que mais me entristece é a desunião entre as portadoras. E isso é muito triste para não falar péssimo.

Eu, que estou há sete anos na luta pelo reconhecimento da doença como social e por políticas públicas efetivas para as endomulheres, não acredito que a consciência da maioria, para não dizer quase todas, fica tranquila vendo si mesmo passar por dificuldade de tratamento e ou diagnóstico.

Na verdade ter tratamento digno público deveria ser um direito de todas endomulheres brasileiras. Não era para ter mulheres se desfazendo de bens e gastando fortunas com cirurgias e exames particulares.

Se o Brasil funcionasse era para termos tudo gratuitamente. Nesse tempo que tenho o blog vejo que as mais necessitadas são as que mais não estão nem aí. Está de seu agrado o que o SUS oferece? 

Não importa se você é usuária do SUS, de planos de saúde ou se consegue pagar tudo particular, se você faz parte da pequena parcela que tem convênio e ou consegue pagar tudo particular, seja solidária e estenda a mão à sua irmã que sofre muitas vezes calada.

Vamos nos unir em prol de nós mesmas. A endometriose também tem de estar no rol de doenças crônicas e as portadoras têm de ter os mesmos benefícios garantidos por lei para quem tem doença crônica.

Não podemos ficar de braços cruzados, precisamos agir, ir à luta em busca de nossos direitos e de tratamento digno e humanizado. No dia 25 de março venha marchar conosco na 4ª edição da EndoMarcha 2017 – Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose – e vamos mostrar à sociedade e aos nossos governantes que existimos, que somos muitas e que precisamos e merecemos ser enxergadas e respeitadas. 

Chega de silêncio, chega de ser invisível.

13 cidades, de 11 diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Curitiba, Londrina e Maringá (PR), Florianópolis (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Boa Vista (RR). Clique aqui e faça seu cadastro gratuitamente.

É rápido e gratuito. Convide sua família, seus amigos e entre conosco na luta pelos direitos das portadoras de endometriose brasileiras. Ah, não sabe para quem serve o cadastro dos voluntários? Clique aqui e leia.

Se você tem uma empresa e quer patrocinar a marcha em alguma cidade, entre em contato comigo endomarch.brazil@gmail.com

Chega de sofrer em silêncio! A união faz a força e juntas somos mais fortes. Beijo carinhoso! A capitã, Caroline Salazar

Texto publicado no blogspot em 15 de janeiro de 2017