Em mais um excelente texto, o doutor Robert Albee explica de forma simples e direta quando a histerectomia se faz necessária em casos de doenças benigna. Mais uma vez, ele alerta que a retirada do útero não cura a endometriose.
Leia os textos: “Retirar o útero cura a endometriose?” e “Atriz Lena Dunhan retira ovário esquerdo após histerectomia”.
Como faz na maior parte de seus textos, o especialista americano escreve embasado em sua experiência de quase 3 décadas como cirurgião excisista e ele sempre dá dicas preciosas em seus artigos.
Neste texto, ele cita algumas doenças onde a histerectomia pode ser benéfica à qualidade de vida da mulher, mas deixa claro que antes todos os prós e contras devem ser explicados pelo médico.
Mais uma vez, ele fala da taxa de sucesso de suas cirurgias de endometriose sem reoperação: 80%, mesma taxa do doutor David Redwine., que é 82%. Uma altíssima taxa de cura de uma doença que ainda é tida como sem cura para muitos médicos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por doutor Robert Albee Jr.
Tradução: Miriam Ávila
Edição: Caroline Salazar
Histerectomia – quando e por que?
Este artigo aborda a histerectomia em casos de transtornos benignos comuns (não cancerígenos), com ênfase no papel de procedimento na endometriose.
Tecnicamente falando, o tratamento cirúrgico da endometriose raramente requer a remoção do útero. Eu falei sobre isso no texto “Se a excisão completa é o padrão ouro para o tratamento da endometriose, por que é tão pouco oferecido?”
As lesões de endometriose são menos comuns no útero, e a endometriose uterina superficial (serosa) pode ser removida sem a remoção do próprio útero.
O objetivo principal do tratamento cirúrgico deve ser a excisão completa de toda e qualquer lesão endometriótica.
Os objetivos secundários são a remoção de aderências e a restauração da anatomia normal, se possível (com base no grau de mudança destrutiva irreversível já presente).
Mas…
A maioria das pacientes está ainda mais interessada no alívio da dor e na qualidade de vida, do que nos aspectos técnicos do procedimento cirúrgico.
Cada paciente tem uma expressão clínica única de sua doença. Este quadro clínico é composto pelo modo como ela se sente, onde lhe doi e quando (período que doi), e pelas observações do seu médico e pelos resultados dos exames.
Testes especiais, como o ultrassom, a tomografia computadorizada e ressonância magnética, etc, podem ser acrescentados para fechar o diagnóstico.
Se o tratamento cirúrgico ‘padrão ouro’ da excisão laparoscópica (LAPEX) for realizado e toda a endometriose for removida, mas a expressão clínica de sua doença tratada cirurgicamente continuar sendo um problema (apesar da remoção bem sucedida de toda endometriose), o tratamento é considerado uma falha na mente da paciente.
Na minha experiência como cirurgião excisista, o sucesso total da LAPEX em reverter o quadro clínico da endometriose de uma paciente é cerca de 80%.
Este número é baseado em nossas pesquisas de acompanhamento da paciente em relação à qualidade de vida, qualquer sintoma de dor durante o tratamento, a frequência e os resultados de qualquer procedimento cirúrgico subsequente para dor persistente.
Quando é ponderada a histerectomia?
Na minha experiência, a paciente toma a decisão de remover o útero cirurgicamente, geralmente após minha consulta principal e muitas outras consultas adicionais.
Nessas pacientes, eu as aconselhei a considerar a histerectomia, porque há evidências de que elas têm doença uterina adicional (por exemplo, adenomiose) que faz parte de seu quadro clínico.
Embora possamos ter removido sua endometriose antes da histerectomia, não removemos todas as suas fontes de dor. Aqui estão alguns exemplos:
– Recorrência da aderências: em pacientes em estágio avançado, a remoção cirúrgica de toda endometriose pode deixar muitas áreas lesadas que devem cicatrizar. O objetivo final é que cada área tratada cure completa e independentemente (ou seja, não se junte a qualquer outra estrutura).
Quanto maior o número e tamanho das áreas tratadas, maior a probabilidade de os tecidos estarem unidos no processo de cicatrização. A recorrência ou nova formação de aderências pode causar dor muito semelhante à dor causada pela endometriose que removemos.
Se estas aderências envolverem significativamente o útero, pode ser necessário repetir a cirurgia para alívio da dor (cerca de 25% das minhas pacientes no estágio 4) e, destas, 25%, algumas optaram por remover o útero para que não reapareçam mais aderências.
– Adenomiose: algumas pacientes apresentam sintomas secundários, além da endometriose, como a adenomiose. Do latim, esse termo significa literalmente “glândula muscular”.
Se as glândulas endometriais estão presentes na parede uterina intercaladas entre as fibras musculares lisas normalmente encontradas nessa área, ela é chamada de adenomiose.
Se você observar os buracos em uma esponja comum do mar, você terá uma ideia visual do que estou me referindo.
A adenomiose pode causar dor pélvica grave e cãibras uterinas. Às vezes, o grau de dor é intolerável e a paciente pode escolher a histerectomia.
– Miomas = Leiomiomas Uteri: tumores fibroides (geralmente tumores benignos de músculo encapsulado na parede uterina) são tipicamente tratados conservadoramente, mas a recorrência após tratamentos conservadores (supressão hormonal, embolização uterina, miomectomia, etc.) ou miomas muito grandes podem exigir uma histerectomia.
É claro que isso pode ser um sintoma independente da endometriose, mas eu já tratei endometriose e fiz uma histerectomia coincidentemente a pedido da minha paciente em algumas ocasiões.
Existem algumas outras indicações para a consideração da histerectomia por distúrbios benignos, mas isso dá uma ideia geral.
Finalmente …
É extremamente importante salientar que a histerectomia não cura a endometriose. Cada lesão da doença também deve ser removida.
Eu operei literalmente dezenas de pacientes que não apenas tiveram seu útero removido, mas também um ou ambos os ovários. E isso aconteceu porque as áreas não tratadas de endometriose que foram deixadas para trás, poderiam causar dor e necessitar de outra cirurgia para remover a doença remanescente.
A histerectomia pode ser uma opção para uma mulher, considerando a natureza única de seu caso pessoal, após discussões cuidadosas e com todas as informações obtidas pelo seu médico.
Fonte texto: https://topendodoc.com/
Fonte imagem: Caroline Salazar/ Deposit Photos
2 Comentários
Excelente artigo Carol. Eu vivo muito bem, desde a retirada do útero e dos focos, em 2014. Cuidando sempre para que a endo não volte. Encontrei o profissional certo e uma equipe excelente,com tua ajuda, na época.
Angela, querida! Fico muito feliz de saber que lhe ajudei a encontrar bons profissionais. Salvar vidas não tem preço! Beijo carinhoso!