O primeiro testemunho da coluna “História das Leitoras” de 2018 não poderia ser melhor. Adoro contar histórias de endomulheres que sofreram com a endometriose, mas com o tratamento certo resgataram sua qualidade de vida e tiveram seu sonho da maternidade realizado.
Foi o caso da leitora Kênia Ferreira de Souza, de Brasília, no Distrito Federal. Ela teve sua menarca bem menina, aos 9 anos e já sofreu muito com as cólicas. Para aqueles que dizem que a doença atinge mulheres em idade reprodutiva, aqui está um bom exemplo que a endometriose não escolhe idade.
Após sofrer mais de cinco anos com as dores severas da doença que a deixava internada regularmente para tomar remédio na veia, e passar por cinco médicos diferentes – após sua ginecologista afirmar ser normal sentir cólicas-, Kelly encontrou um especialista que mudou sua história para sempre.
Como diz o ditado: “após a tempestade sempre bem a bonança”. Graças a cirurgia de sucesso, feita por um excelente especialista, a bancária de 27 anos resgatou sua tão sonhada qualidade de vida e conseguiu engravidar naturalmente – algo que já havia sido descartada por alguns médicos que ela passou por conta de sua endometriose profunda e nos dois ovários.
Já falamos no blog que, quem tem endometriose ovariana tem endometriose profunda. Leia o texto “O verdadeiro significado do endometrioma de ovário”. Mais uma história que vai levar esperança e muita fé às endomulheres que tem endometriose profunda e ovariana. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Meu nome é Kênia Ferreira de Souza, tenho 27 anos, sou bancária e moro em Brasília, no Distrito Federal. Meu ciclo menstrual começou aos 9 anos de idade. E, desde a minha primeira menstruação, já sentia cólicas que foram ficando cada vez mais fortes com o passar do tempo.
Na adolescência as dores pioraram muito. Não conseguia nem levantar da cama por dois dias. A dor era tão forte que vinha acompanhada de vômitos.
Minha mãe preocupada com a situação me levou em vários ginecologistas, porém todos diziam a mesma coisa: que era normal sentir cólica e passavam anti-inflamatórios para tomar uma semana antes do período menstrual, mas nada adiantava.
Infelizmente tive de conviver com a dor todos os meses e muitas vezes só parava quando ia ao hospital tomar remédios na veia. Aos 18 anos comecei tomar anticoncepcional e a dor que eu sentia todos os meses deu uma amenizada.
Já não era mais tão forte como antes, porém passados alguns anos, por vota dos 22 anos, comecei a sentir as dores fortes novamente. Fui, então, à procura de ginecologistas para descobrir o que era, pois a que me atendia na época me disse que era normal sentir dor.
O único problema é que eu já não aguentava mais. Todo mês era mesma coisa: muitas dores e levando atestados no trabalho. Percebi que não era normal e marquei consulta com outra ginecologista.
Quando falei dos sintomas que eu sentia ela disse que provavelmente seria endometriose, uma palavra estranha que, até então, eu não sabia o que era.
Ela me passou uma ecografia normal e uma ressonância magnética específica. Na ecografia o médico me disse que possivelmente minha endometriose era profunda, pois pela ecografia simples já dava para verificar vários focos.
A ressonância também apontou endometriose profunda. Retornei à médica e ela disse que meu caso era cirúrgico e não me deu opção de tratamentos com remédios.
Ela já queria me operar o mais rápido possível, porém não senti muita confiança e comecei a luta para pesquisar sobre a doença e procurar especialistas em endometriose.
Passei em uns três ginecologistas e todos queriam me operar. Em todos esses que passei senti que a cirurgia era necessária apenas pelo dinheiro. Teve uma que nem se quer me examinou, mal olhou os resultados dos exames e já foi logo me entregando o relatório de internação.
Saia arrasada de todas as consultas. Chorava muito! Até que um dia, depois de mais um atestado, uma amiga de trabalho me disse que sua irmã tinha ovários policísticos e fez uma excelente cirurgia e fazia acompanhamento em uma clínica muito boa.
Então, resolvi ligar e marcar uma consulta e me informaram que lá tinha um especialista em endometriose, o doutor Alysson Zanatta. Fui à consulta sem esperança e já pesando que fosse ouvir as mesmas coisas de sempre, mas para minha surpresa foi tudo diferente.
Mais de uma hora de consulta, o doutor simplesmente me explicou tudo sobre a doença e me passou a ecografia com preparo intestinal para verificar melhor os focos de endometriose.
Realmente minha endometriose era profunda e já estava em oito lugares, incluindo o intestino, o reto e os ovários. O doutor Alysson informou que a doença já estava bem avançada para minha idade e, pela minha situação (dores fortes todo mês), a melhor opção seria mesmo a cirurgia.
Mas disse também que eu se quisesse podíamos tentar o tratamento com remédios para verificar se seria possível controlar as dores. Pela primeira vez sai do consultório feliz e confiante no profissional.
Optei por tentar controlar a dor com remédios, porém infelizmente nenhum remédio fazia mais efeito em mim. Todos os meses eu ia parar no hospital para tomar medicação na veia para tentar amenizar a dor.
Decidi, então, fazer a cirurgia. Foi mais um período de choros e preocupação, pois o plano de saúde não queria me reembolsar o valor total.
Apenas me falavam para procurar qualquer ginecologista que estivesse credenciando a eles. E eu não tinha o valor total da cirurgia. Então ainda fiquei mais um bom período tendo que ir para o hospital todos os meses.
Cheguei a ficar internada cinco dias direto tomando medicação na veia. O doutor Alysson me deu todo apoio e suporte que eu precisei nesse período. Mas por não aguentar mais aquela situação fui à busca de outro médico que atendesse meu plano de saúde.
Ao chegar lá mostrei meus exames e ele disse que não poderia me operar que não era capacitado para essa cirurgia, pois seria uma cirurgia de grande porte, que necessitava de um especialista, que poderia me abrir e fingir que me operou como muitos médicos fazem.
Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Ele me disse que em Brasília só havia três especialistas nessa área, entre eles, o que ele mais me recomendava era o doutor Alysson Zanatta.
Ali mesmo decidi que iria fazer a cirurgia com o doutor Alysson. Estava disposta a vender o carro para pagar a cirurgia. Porém, consegui um e-mail do meu plano de saúde informando que só tinham três especialistas em Brasília e nenhum deles era credenciado ao meu convênio.
Consegui na justiça a liminar para que o plano pagasse o reembolso total do valor da cirurgia. Então, no dia 15 de maio de 2016, fiz a tão esperada e sonhada cirurgia.
Fiquei cinco dias internada no hospital e a cirurgia foi um sucesso. Os órgão atingidos pela endometriose foram: cólon sigmóide e parede abdominal lateral esquerda, no útero (com bloqueio pélvico completo), endometriose ovariana profunda, e também tinha focos nos ligamentos úterossacros, no reto, no intestino e no apêndice.
Minha endometriose estava realmente profunda. A recuperação foi muito boa. Depois da cirurgia não sentia mais as dores como antes, foi um alívio. Porém começou um novo medo, pois já sabia que poderia ter dificuldades para engravidar.
Comecei a ver no blog A Endometriose e Eu relatos de várias mulheres que estavam nessa luta há muitos anos e não conseguiam. Mas com a graça de Deus engravidei em dezembro do mesmo ano, sete meses após a cirurgia.
Hoje tenho o bem mais precioso da minha vida, minha Maria Clara, com 3 meses
Só tenho a agradecer a Deus e ao doutor Alysson que foi excelente comigo do início ao fim.
Ele sempre me disse que eu conseguiria engravidar naturalmente e sempre estava à disposição para me atender quando fosse necessário. Realmente um médico incrível, um ser humano espetacular, que faz o trabalho com amor e dedicação.
A medicina e a endometriose precisam de mais médicos como ele. Operar com o médico certo que entende da doença e que sabe como retirar toda a doença do corpo foi decisivo para preservar meus órgãos reprodutores e engravidar naturalmente.
Hoje tenho qualidade de vida. Depois de quase cinco meses amamentado, minha menstruação voltou. Senti cólica leve, mas nada comparado como antes. Um comprimido de buscopan já foi o suficiente para aliviar minha dor. Antes nem a caixa inteira resolvia.
Fiz a excisão cirúrgica com a retirada dos focos, da cabeça à raiz. Porém, como eu tinha muita endometriose profunda e ovariana nos dois ovários e nunca tinha sido mãe, ficou decidido que seria feita a remoção máxima de toda a endometriose profunda, mas por conta da minha idade e do meu desejo de ser mãe, foi deixada um pouco da doença nos ovários para não prejudicar minha reserva ovariana.
Não estou tomando nenhum tipo de hormônio. Tive a decisão de não tomar, pois queria saber como iria me sentir em relação à endometriose após a gravidez. O doutor Alysson é sempre prestativo e já conversamos.
Ele pediu para que eu fosse a seu consultório para fazer uma avaliação de como estou após a gravidez. Logo na primeira consulta ele já havia me explicado sobre a doença, e disse que com a excisão completa, a endometriose não volta como alguns médicos dizem.
A primeira cirurgia é a mais importante, por isso tem que ser feita por um especialista que faça a remoção máxima da doença, pois o melhor é sempre tirar o máximo de focos possível.
Se um dia eu precisar operar novamente, nunca mais será na mesma proporção que foi a primeira, com vários órgãos atingidos. A cirurgia será mais tranquila.
O mais importante é que resgatei minha qualidade de vida e posso cuidar da minha filha sem nenhuma dor. Até porque quem já passou o que passei uma coliquinha não é nada.
Meu conselho a quem ler este texto é: procure um especialista de verdade e só faça a cirurgia com quem realmente entende da doença. Graças a isso consegui engravidar naturalmente e ter minha tão sonhada vida de volta. Beijo carinhoso, Kênia”.
Fotos: Arquivo Pessoal
6 Comentários
Uma história de milagre… Parabéns Kênia . Q Deus possa continuar abençoando sua vida!!
Que lindo Kenia, que bom ler sua história. Acompanhei de perto a agonia dessa cirurgia, te passava medo falando de morte se deixasse a doença progredir rs . Fico muito muito feliz em ver sua vitória. DEUS abencoe cada vez mais a sua família. Bjo
Olá kenia. Gostaria de saber quem seria os outros médicos de Brasília que são indicados. Obrigada
Linda história!!! e eu além de ser em um local difícil (saco de douglas na parede do intestino) para fazer a retirada dos focos, tenho útero retrovertido fixo, então a dificuldade aumenta, estou tentando engravidar já faz alguns meses, mas as dores são horríveis, e onde moro não existe especialista em endometriose e o médico que fez meu exame, disse que não tem como tirar a endometriose porque iria precisar de vários especialista para assim ser feita uma cirurgia bem sucedida!! não sei o que fazer!!!
Que linda sua história Kenia! O doutor Alysson é um anjo mesmo. Moro em Goiânia-GO e sou assistida por ele desde janeiro de 2016. Infelizmente só o conheci após passar por vários médicos e por três cirurgias sem sucessos que prejudicaram minha anatomia pélvica. Já passei por duas cirurgias com doutor Alysson e sigo crendo q logo logo contarei meu testemunho de vitória. Abs!
Aí Meu Deus que coisa maravilhosa poder engravidar infelizmente não tive a mesma sorte por não ter especialista em minha cidade e eu como não entendia dessa doença fui na conversa do médico e acabou que retiraram meus ovários e minhas trompas fiquei só com o útero só posso engravidar por meio de fertilização.