Março Amarelo: Fadiga, cansaço… outro sintoma da endometriose!

0

Por Caroline Salazar
Edição: Nathalia Veras

Os sintomas da endometriose são diversos e varia de acordo com cada doença e mulher. Além da dor física (leia o texto “Cólica progressiva, um dos sintomas da endometriose”), muitas portadoras convivem diariamente com a fadiga.

Sabe aquela sensação de acordar cansada? Como se um caminhão tivesse passado por cima da gente? Era assim que eu me sentia antes da minha primeira cirurgia em 2010. Acordava como se não tivesse dormido.

Além das dores intensas, tinha de conviver com o cansaço logo ao acordar, e ao longo do dia. A fadiga se manifesta também com sonolência, letargia – sabe aquela sensação de sono profundo mesmo estando acordada? -, irritação, falta de ânimo e também aquela sensação de peso nas pernas. 

Para quem me acompanha desde 2010, quando o blog era meu diário virtual no blogpsot, sabe que eu relatava tudo isso relacionado à fadiga. Mas, infelizmente, ainda é um sintoma subestimado e pouco falado na endometriose.

Em 2018, um estudo publicado no Human Reproduction, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, confirmou que a fadiga crônica é presente em duas vezes mais mulheres com endometriose se comparado às mulheres sem a doença.

A pesquisa realizada pelo Departamento de Endocrinologia Reprodutiva do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, com 1.120 mulheres, sendo 560 portadoras de endometriose e 560 sem a doença.

50,7% das mulheres com endometriose apresentam o sintoma frequentemente contra 22,4% das mulheres sem a doença. A fadiga, além de atingir diretamente a qualidade de vida da endomulher, afeta também suas atividades diárias.

Segundo o estudo, as endomulheres com fadiga apresentam sete vezes mais chances de terem insônia, quatro vezes mais de terem depressão, duas vezes mais de sentirem dor e 1,5 vezes de terem estresse ocupacional (relacionado ao trabalho).

A pesquisa não respondeu se a fadiga causa esses outros sintomas ou o inverso, mas foi assertiva em dizer em a fadiga independe da idade, tempo decorrido desde o diagnóstico e estágio da doença e, ainda, que tratar a endometriose pode reduzir insônia, depressão, dor, estresse ocupacional e fadiga.

Talvez esse sintoma da fadiga contribua para a frase que muitas de nós já ouvimos de que “cólica é normal e somos preguiçosas”. Por isso, precisamos divulgar que a fadiga é um sintoma da doença, que pode aparecer até em quem não tem o sintoma da dor.

Afinal, nosso corpo está constantemente lutando contra células que não deveriam estar ali e isso gasta energia, como em qualquer outra doença.

Desde a minha bendita cirurgia de 2012 vivo uma vida sem dores e sem fadiga. Até para escovar os dentes eu precisava sentar. Hoje, nossa, nem sinal daquele cansaço extremo que acabava comigo desde o despertar.

Para quem sofre como eu sofri – 21 anos com dores severas (cólica progressiva, dispareunia), 18 sem diagnóstico -, saiba que com o tratamento correto é possível viver a vida plenamente.

Fonte imagem: Deposit Photos/ Caroline Salazar

Comments are closed.