Você sabia que o dia 30 de abril é o Dia Nacional da Mulher?

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Você sabia que desde 1980, o Brasil tem um dia dedicado especialmente às mulheres? Trata-se do dia 30 de abril, uma data pouca difundida no país, mas que representa muito na luta das mulheres brasileiras há quase 4 décadas.

A lei nº 6.791 de 9 de junho de 1980 instituiu o dia 30 de abril como o Dia Nacional da Mulher, em homenagem ao dia do aniversário do mulher que é símbolo desse dia: Jerônyma Mesquita, líder do movimento feminista no Brasil e fundadora do Movimento Bandeirante.

Para falar mais sobre a data convidei a advogada Nathalia Veras, coordenadora da EndoMarcha Boa Vista e bandeirante, para contar a história desta mulher tão incrível e precursoras de várias ideias e movimentos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

 

Por Nathalia Veras
Edição: Caroline Salazar

Pouca gente sabe que o dia 30 de abril é o Dia Nacional da Mulher. Todo mundo só conhece o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Mas é importante ter uma data nacional porque nos permite refletir que nós brasileiras temos muitas conquistas e ainda muito por lutar.

O dia 30 de abril foi escolhido por ser o aniversário de Jerônyma Mesquita, uma mulher incrível e à frente do seu tempo. Ela foi voluntária da Cruz Vermelha de Paris e da Suíça durante a I Guerra Mundial e depois ajudou a fundar a Cruz Vermelha do Brasil.

Foi cofundadora dos Pequenos Jornaleiros (que amparava crianças carentes), da Pró-Matre (instituição voltada para gestantes carentes), da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, do Conselho Nacional das Mulheres, e o que mais me dá orgulho: a Associação das Girl Guides do Brasil (primeiro nome da Federação de Bandeirantes do Brasil) – instituição do Movimento Bandeirante, fundada no Brasil em 13 de agosto de 1919, que completará cem anos neste ano.

Inicialmente, o movimento se destinava à formação de meninas e moças e surgia como uma instituição pioneira na proposta de educação não formal e adota o Método Bandeirante de Robert Baden-Powell “Aprender Fazendo” para formar líderes e responsáveis cidadãos do mundo.

Em 2019, o Movimento Bandeirante lançou o Projeto Jeronymas, todo planejado por mulheres jovens com o lema “Somos todas Jeronymas, somos todas incríveis”, visando divulgar referências femininas brasileiras.

Não precisamos ser conhecidas apenas pela beleza física ou pelo Carnaval. Não precisamos ter o padrão de beleza para sermos bem-sucedidas e, principalmente, temos capacidade de lutar por nossas bandeiras.

Jerônyma Mesquita foi uma das sufragistas no Brasil, buscando ativamente o voto feminino. Agora ouço frequentemente dizerem que quem autorizou o nosso direito ao voto foram os homens porque eles estavam no poder, apagando a luta e conquista das mulheres como Jerônyma que não se conformaram em não terem direito de votar e serem votadas.

Se não fosse o ativismo dessas mulheres corajosas, duvido que hoje estaríamos lutando para termos maior número de representes exercendo mandatos políticos e sem ninguém sequer contestar que temos direito de votar.

Você deve estar se perguntando o que isso tudo tem a ver com a endometriose?

A endometriose é uma doença feminina, cujo principal sintoma é a cólica menstrual forte e incapacitante. Por causa dela, somos taxadas muitas vezes de frescas, fracas e preguiçosas, reforçando estereótipos e nos reprimindo.

Não espere que a endometriose tenha diagnóstico precoce, tratamento público e gratuito em pelo menos todas as capitais brasileiras e seja reconhecida como uma doença social, se nós não assumirmos o protagonismo dessa luta.

Nada é fácil! Não é fácil sair para marchar com dor, mas é preciso para sermos vistas e lembradas. Aliás, a EndoMarcha é nosso único movimento legítimo feito por e para as endomulheres. Clique aqui e saiba como foi a 6ª edição.

Não é fácil ter seu feed das redes sociais falando de endometriose, mas é preciso para que outras meninas e mulheres tenham acesso aos sintomas e para que as pessoas saibam que é uma doença séria. Não é fácil falar de endometriose, mas é preciso.

Acho que nós já somos incríveis de suportar a dor e os estereótipos que a endometriose causa. Porém, precisamos ser incríveis também melhorando a vida das futuras gerações, para que minha filha (se um dia eu tiver uma), minha irmã, as filhas de minhas amigas, não passem pelo que eu passei.

Para que eu possa assumir novas batalhas, como centros de endometriose em todos os municípios, e não apenas nas capitais (afinal somos 10% da população feminina, independentemente da idade reprodutiva); para que eu não precise ouvir até de médicos que endometriose é besteira.

Eu agradeço muito à Caroline Salazar porque por meio dela eu conheci os sintomas, as possibilidades de tratamento da endometriose e até meu especialista. Mas sei que sozinha ela não consegue tudo. Precisamos nos unir, precisamos que cada uma de nós assuma seu papel de protagonismo.

Eu sou coordenadora da EndoMarcha Boa Vista. Com ajuda da minha mãe, Deputada Estadual Lenir Rodrigues, conseguimos aprovar a primeira lei estadual de criação da “Semana Estadual de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose” (Lei n. 11.111/2016) e só conseguimos isso por meio do blog A Endometriose e Eu e da EndoMarcha São Paulo, da qual participei quando viajei para consulta preparatória de cirurgia de endometriose.

Provavelmente, você não tem uma mãe que ocupa o cargo de deputada estadual, mas alguma portadora tem. Se não mãe, pai, amiga(o), médica(a), etc. O principal é divulgar informações para alcançarmos nossas pequenas grandes vitórias e depois ampliar os objetivos.

A Caroline Salazar, minha mãe, eu e muitas outras endomulheres não escolhemos lutar, escolhemos ocupar os espaços que são nossos e reivindicar a garantia de nossos direitos. Todas nós podemos fazer alguma coisa, todas nós somos incríveis!

Então, leia e compartilhe os textos! Veja se sua cidade já tem EndoMarcha e, se sim, compareça; se não, que tal ser a coordenadora? Sua cidade e seu estado já possuem leis de conscientização da endometriose? Vamos lutar para que tenha e, principalmente, para que saia do papel e que, um dia, a gente não precise mais delas.

Tomando emprestado o slogan do Projeto Jerônymas, lembre-se: “Somos todas Jerônymas, somos todas incríveis”. Então vamos fazer a diferença na nossa vida e na de outras mulheres. Beijo carinhoso!

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